SURPRESA!



Em minutos pode desfrutar de um país. Basta para tanto folhear este livro ou perder-se na exposição que o acompanha. Não chega, dirá, pois precisa dos outros quatro sentidos, de mais tempo, de viajar até aos sítios concretos. A esse desafio responderam, com arte e afeto, Marizilda Cruppe, Maurício Lima e Christian Cravo: levar-nos através da fotografia a alguns dos lugares que fazem de Portugal aquilo que ele é. Hoje.
Aproveitando a oportunidade suscitada pela organização do Ano de Portugal no Brasil, uma associação de fotógrafos há muito empenhada na divulgação do fotojornalismo, com raízes nacionais mas aberta ao mundo, lançou, com o apoio do Turismo de Portugal, este projeto, ao mesmo tempo, simples e ambicioso. Convidou três dos mais renomados fotógrafos brasileiros da atualidade, com um trabalho dos mais expressivos e atentos ao humano, a percorrer o Norte, o Centro e o Sul do país. O alvo principal era o contemporâneo: com que traços se compõe agora uma identidade? Além da vanguarda das artes e da arquitetura, cada roteiro incluiu o essencial da paisagem, como o Vale do Douro e a planície alentejana, a Serra da Estrela ou a praia da Nazaré. Cada um dos viajantes convidados tinha imagens e experiências de Portugal diferentes, quase todas construídas a partir do passado ou de visitas breves, pelo que não foi difícil surpreenderem-se com a variedade e o dinamismo que foram encontrando. Os três voltarão, porque se deixaram encantar.
Aquilo que viram, experimentaram e saborearam está patente nas belas imagens que capturaram. Também elas pedem, ao nosso olhar, visitas repetidas. E dá gosto reconhecermo-nos nos retratos que fizeram de nós. Os grupos de jovens no centro histórico da cidade berço de Guimarães, o velho sentado enquanto a criança brinca na neve, o golfista apanhado em swing em Albufeira…
…todos e cada um habitam o importantíssimo Museu de Serralves, a espetacular discoteca Lux, um dos mais antenados palcos da capital, e a barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa.
…todos e cada um têm como casa o Solar de Mateus, em Vila Real, o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, ou o templo romano de Évora.
Um país vivo não cristaliza no tempo, antes se reinventa a cada instante, aproveitando memórias e monumentos, ruínas e heranças, para sobre elas construir quotidianos ora exaltantes ora tranquilos. No caso de Portugal, estamos há muito preparados para partilhar com quem nos visita a calma e a vertigem.