Norte

Para facilitar, poderíamos dizer que assim se começou a escrever o país, de cima para baixo. Passaram, portanto, muitos séculos de conquistadores e construtores e agricultores a mexer neste pedaço de terra, a arrancar-lhe vinho e pão, a marcá-lo com casas e igrejas e palácios e castelos e outras maneiras de dizer os ritmos de cada vida em muitas vidas. Se reunirmos isto numa viagem encontramos logo extraordinária composição de texturas: a maneira única da madeira de uma janela se encostar ao granito, ou como a parede de um hotel acabado de construir entra pelas encostas da Régua, ou em cada tom do papel nas prateleiras de uma das mais belas livrarias do mundo, ou ainda as matizes de verde do Parque de Serralves em plena cidade do Porto.

Marizilda Cruppe comprova a tese de que se vê melhor com a máquina fotográfica a tiracolo. Nos retângulos que capturou, as formas irrompem, cruzam-se com dramatismo, cada qual com a sua pele. E as sombras marcam presença, tantas vezes subtil, dançando página após página com os reflexos. Esta manta de retalhos confirma isto mesmo e algo mais.

Isto dos jogos que a mais moderna arquitetura, sobretudo a da Escola do Porto (Fernando Távora, Siza Vieira, Souto Moura, entre outros), faz com a paisagem, que no vale das vinhas se deixa domesticar, mas que no Gerês mantém a personalidade agreste e selvagem.

Isto dos materiais, e também dos sabores, que misturam o mar bravio e a terra trabalhada, as cidades históricas e as florestas mágicas, o sagrado e o profano, o antigo e o novíssimo. Há nesta rota tanto de História como de raridades e inesperado. “Portugal sempre esteve muito próximo do Brasil por causa da colonização, e talvez por isso, o brasileiro acha que tem muita familiaridade com o português, mas fica pensando sempre na época do Descobrimento e não o vê como hoje, mais de 500 anos depois, tem muita contemporaneidade. Você encontra um muro que é medieval e, a poucos quilómetros, tem um edifício superatual de um dos grandes arquitetos do Norte. É familiar, mas ao mesmo tempo cheio de novidade.”

Mas Marizilda apanhou, no seu olhar, algo que o tradicional pessimismo português tende a esquecer: a jovial tranquilidade de quem faz hoje estas terras. O casal que se beija “sobrevoando” Gaia e as crianças que brincam perto da Igreja em Macedo de Cavaleiros, os grupos de jovens no centro de Guimarães e os passeantes na Foz, no Porto, transbordam energia. Descobrem-se com facilidade a Norte lugares que oferecem a mais serena das tranquilidades, mas nas cidades acontece a cada instante uma vibração irrequieta que desperta curiosidades. Estes lugares são habitados por gente forte, de rostos marcados e gestos largos. “O Porto”, diz sem hesitar, “é cidade onde moraria tranquilamente. É relativamente pequena, mas tem tudo, tem uma cena cultural grande, é viva… Gostei!” Quando alguém que passa quer morar, acabamos por continuar sempre no seu coração.

Teleférico de Gaia

Teleférico de Gaia

Ponte D. Luís

Ponte D. Luís

Casa da Música

Casa da Música

Casa da Música

Casa da Música

Parque de Serralves

Parque de Serralves

Museu de Serralves

Museu de Serralves

Livraria Lello

Livraria Lello

Foz do Douro

Foz do Douro

Igreja de Santa Maria

Igreja de Santa Maria

Vinhas e rio Douro

Vinhas e rio Douro

Quinta do Vallado

Quinta do Vallado

Museu do Côa

Museu do Côa

Casa de Mateus

Casa de Mateus

Pedras Salgadas Spa & Nature Park

Pedras Salgadas Spa & Nature Park

Biblioteca Municipal

Biblioteca Municipal

Praça de Santiago

Praça de Santiago

Centro Internacional das Artes

Centro Internacional das Artes

Pousada São Bento

Pousada São Bento

Mata de Albergaria

Mata de Albergaria

Santuário do Bom Jesus

Santuário do Bom Jesus

Estádio Municipal

Estádio Municipal